A TI, os negócios e as novas ideias

O mercado floresce de oportunidades para a TIC, mas é preciso se repaginar desde as raí­zes, começando por sistemas tradicionais, como ERP, até os ramos mais badalados do momento, como os conceitos de Big Data e BYOD.

O conselho de Henrique Brodbeck, especialista em consultoria e planejamento estratégico de TI, diretor da Brodbeck Consultores em Informática.

“Temos hoje, por exemplo, o boom da mobilidade, que não é uma tecnologia nova, mas ainda não conta com recursos diversos, como bons sites para telas pequenas. Isso é uma oportunidade que a TIC tem a aproveitar”, comentou o consultor em palestra no Mesas TI, realizado pelo Seprorgs no Deville, em Porto Alegre, nesta sexta-feira, 28.

Para ele, há uma demanda insatisfeita na mobilidade também na área de aplicativos, que tem muito mais seguido a linha da adaptação de aplicações tradicionais para os dispositivos móveis do que ganhado criações exclusivas.

Outros mercados, como o de BI e ERP, também guardam oportunidades de novos negócios, ainda que mais reservadamente: apenas para os que queiram atender a demandas de verticais e ao mercado de pequeno porte, com ofertas complementadas por serviços.

Além de palestrar, Brodbeck também participou do painel do Mesas TI, que teve as presenças de Gisele Oliveira, diretora da Engenho Informática e da Fundação Pró-HPS; Luiz Otávio Nascimento (LON), sócio-diretor da Mérita Consultoria e membro do Retail Council do GLG USA; e Márcio Pinheiro, diretor da iCentury.

No painel, em que os temas dominantes foram colaboração, comunicação e terceirização, uma máxima surgiu entre os convidados: a TI precisa se renovar e aprender a aproveitar as novas ideias.

“Temos uma nova cultura. Hoje, a TI não está mais na era do não dá, o profissional que sai da universidade hoje está acostumado a fazer dar, ou, se não dá, mudar, partir para outra, aprender uma coisa nova, sair da empresa onde está, do paí­s. Ele não se incomoda com a mudança, cria novas ideias e a TI tem de aprender a lidar com este movimento”, iniciou Gisele.

Já Pinheiro acredita que não se vive um mundo que precisa mudar, mas um que já mudou.

“Foi-se a época em que o pessoal da TI ficava encerrado em uma sala. Hoje, o setor passa por todo o negócio, e tem de ser integrado a ele, para atender às demandas e trazer soluções que o inovem. O TI tem muito para falar, mas precisa de alguém que queira ouvi-lo”, comentou o diretor da iCentury.

Para LON, a comunicação entre as áreas de TI e negócio depende de a primeira superar seus resquícios de autocracia.

“Isso não é exclusividade da TI, há em muitos setores, mas se quiser ser mais ouvida, terá de superar, interagir mais com os demais departamentos. A integração entre TI e negócio é fundamental para o sucesso de uma empresa”, comentou o diretor da Mérita.

“Uma comunicação que pode e deve ir além da esfera interna das empresas, passando a um universo interativo, possibilitado por plataformas de colaboração, a exemplo de iniciativas de coworking, croudsourcing e afins”, como sugeriu Gisele.

“É preciso ter novas ideias, sem medo. O jovem não tem medo de errar: ele vai e faz. Pode dar errado, mas pode dar certo. Se der certo, inova. Se der errado, não se repete”, avaliou Pinheiro.

No debate da comunicação e colaboração, até o outsoucing entrou na roda. Ainda que paga, a prestação de serviços terceiros a uma empresa não deixa de passar, inevitavelmente, pela necessidade de integração. Como fazer isso dar certo?

“A terceirização é uma necessidade, mas é preciso estabelecer bons critérios e políticas de governança de TI para que funcione bem, com segurança e eficiência”, comentou Brodbeck.

Já para Pinheiro, o que precisa mudar é a visão do contratante, que não pode ser a de terceirizar apenas para deixar alguém fazer mais barato o que, se ele fizesse internamente, custaria mais.

“Você tem que terceirizar aquilo que alguém pode fazer melhor do que você. O outsourcing tem de ser visto como ferramenta para inovar, melhorar, e não só para baixar custos”, comentou.

O discurso do investimento dentro de casa tem embasamento no mercado. Conforme uma pesquisa da Brasscom divulgada na quinta-feira, 27, o setor de TI vai registrar receita de US$ 132 bilhõs este ano no Brasil, alta de 7,3% sobre 2012.

Disso, US$ 54 bilhões não virão de vendas, mas de investimentos em equipes internas, especialmente as de desenvolvimento e inovação.

Estarão as empresas olhando seus próprios negócios de fora para dentro e começando a perceber a necessidade de qualificar os times e agregar tecnologia para suprir demandas de core business sem buscar tudo em terceiros?

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